quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Olhos envoltos no brilho das trevas, envolvem a minha alma num doce manto de dor, preso em fios de seda negra que rasgam o meu corpo em mil. Amarram o meu coração sobre a luz decadente dum mundo em ruínas, apela o sentido drástico da morte e faz-me viver, preso por um fio, que arde em chamas até eu sentir o seu gracioso toque de dor, o belo e mortal amor...

domingo, 2 de agosto de 2009

Tinta de Sangue

Escrito em tinta de sangue, em papel cor de alma, está tudo o que quero esconder. Pedaços de vida perdida que ninguém tem o poder de ler. Numa caligrafia seca e sem emoção, estão as mais tristes palavras de alguém sem coração; ele fora roubado do seu lugar, e tudo o que ficou foram estas paginas no seu lugar.
É tinta que não seca, sangue amaldiçoado, que faz o corpo mexer em lugar do coração roubado. Se algum dia leres estas páginas de que falo, ficaras tão morta quanto eu, mas os sentimentos que senti serão apenas um fardo meu.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desabafos

Procuro o poder de transformar as melodias em palavras, só assim poderia descrever o que sinto ao ouvir a tua voz, a doce e eterna canção de trevas e amor envolta em mistério e felicidade...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Desabafos

Queimei os olhos para não poder te ver mais entre chamas de dor, abdiquei de todos os aromas só para não sentir o cheiro da tua pele e a essência mortal dos fios do teu cabelo, que os meus lábios virem pó para não poder beijar mais os teus e morrer no doce veneno que é o amor; corto as mãos para não poder sentir o veludo que envolve o teu corpo em tom de neve branca. Dá-me só uma última palavra, antes de abandonar todos os sons à porta da minha mente, mata o último dos meus sentidos, mas deixa-me sentir-te para sempre..

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Divagus

Abre seus braços, ela
de mil faces, espelhos baços
reflectem luz em sombra,
a eterna escuridão. Vida

Olhar decadente, sem vida,
aparentemente, vazia de tudo;
cheia de nada. Trevas

Sangue é rio, desagua no mar;
faz-me sonhar; em vida,
mas vivo, em morte.
Mar quebrou castelo. Sorte

Afogado em tristeza,
respiro mágoa, morro,
em mil pedaços, desfeito,
vulto caído no leito;
do rio. Acordo

terça-feira, 21 de julho de 2009

Em trevas, amor

Não o escolhes a ele, provavelmente ele te escolherá a ti; talvez nunca me irei esbarrar novamente contra ele na rua, nem ele me irá seguir e pregar-me um susto de morte. Mas sim, ele já falou comigo, tem uma voz doce e uma atitude serena, é belo poeta de narrativas brilhantes e falou as mais belas palavras que já ouvi. Pouco foi preciso para ser o meu melhor conselheiro, um amigo leal que afastava tudo o que de mau existia. Fez-me ter asas, fez-me ser mais do que o que imaginava ser, cegou-me e tornou-se os meus olhos, calou-me e fez-se a minha voz, paralisou-me e tornou-se a minha alma. Quando dei conta de mim, já não era nada para dar conta, um ser cego, mudo, surdo e acorrentado a ilusões de um demónio com asas de anjo que falava veneno com sabor a doçura e cantava a morte em tom de melodia.
Fez-me sufocar em tristeza, chorar sangue e arder em cinzas. Acorrentou-me a falsas esperanças, das quais não conseguía fugir, vendi a minha alma em troca de tudo, perdi a minha alma e não possuía nada. Tudo o que eu queria era que o manto de ilusões caísse e tudo fosse verdade, que tudo o que o amor me falou não fosse mentira, no fundo só a queria a ela.
Hoje sei que por muito que tenha medo de voltar a sentir o mesmo e que este tal amor esteja bem enterrado dentro de mim, em trevas que não conheço, espero ansiosamente pelas suas ilusões e de lhe oferecer a minha alma, pois viver preso e envolto em tristeza nunca me deixara tão feliz.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Diário de linhas curvas

Trinta e um do dois de cinco mil e nada

Já não basta a falta de sensações para criar, tenho também a falta de inspiração para me perturbar, nada é interessante, nada me fascina, tudo é objectivo e concreto, nada me desperta, tudo me aborrece. Não sinto mais que nada, mas perturba-me mais que tudo.
Diário bastardo, volta atrás nas tuas faces e vê, lê-me alto e a bom tom, o que um dia foi um belo som, uma bela orquestra de uma alma. Quando fui rei e senhor das palavras, criei castelos com tijolos delas, diria melhor: Impérios! As tuas páginas são prova de quantas terras conquistei e impérios se desmoronaram ao passar da minha pena, o derramar de tinta foi tão belo, tão cruel, tão genial, fui durante tantos anos um conquistador imortal.
Hoje não passo de um conto, ou uma lenda irreal, falta a prova de que consigo voltar a derrubar todo o mundo com um traço continuo do qual belas composições se formam e tudo a volta derrubam. Tudo começa a fazer sentido agora!
Sinto a tua essência a voltar, a minha pena tornasse um pássaro outra vez, das suas lágrimas faço a minha tinta, de mim crio a obra, o poder é tão grande que não é possível controlar, é tão grande que apenas uma folha não basta, um diário não basta, a minha mente não basta, é tão destruidor, tão sonante! Mas guardo para mim hoje, afinal já não há nada a fazer, pois hoje sou só eu o meu diário e um copo cheio de sangue mental para motivar o meu pensamento irreal.